top of page

AS MULHERES E AS ARMAS

  • Foto do escritor: Eliete Carvalho
    Eliete Carvalho
  • 1 de jan. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 8 de abr.


O que comemorar no Dia Internacional da Mulher? É a pergunta que todos os anos me faço. Não dá para ganhar flores e bombons e fingir que está tudo bem. Não dá para fechar os olhos para as atrocidades cometidas contra as mulheres dentro de seus próprios lares. Não dá para ficar de braços cruzados enquanto mulheres são assediadas, agredidas, desrespeitadas e violentadas só por serem mulheres. Elas sempre foram alvo do machismo, da misoginia, do racismo e do preconceito. E, agora, com a liberação das armas, estão na mira daqueles que as veem como propriedade. A violência contra as mulheres não é um caso isolado. Avança em todo o país e, diariamente, ocupa os principais noticiários e as manchetes de jornal — infelizmente.


O Decreto nº 9.846/19, assinado pelo governo Bolsonaro, liberou as armas de fogo para qualquer cidadão. Esse decreto alterou o Estatuto do Desarmamento de 2003, desconsiderando principalmente as estatísticas do país sobre o número de mulheres assassinadas por armas de fogo. Certamente, muitas consequências virão dessa decisão impositiva, tomada sem qualquer responsabilidade com a vida daquelas que estão vulneráveis à violência doméstica cotidiana: as mulheres.


Como ficarão os lares com o acesso facilitado a armas de fogo? A mulher que já é violentada e agredida fisicamente em seu próprio ambiente familiar terá condições e coragem de denunciar o agressor? Especialistas avaliam que não. Como disse Stephanie Mori, do Instituto Sou da Paz, ao jornal O Globo:“A mulher não vai se sentir mais segura com uma arma em casa. A arma é um elemento de risco, não de segurança. Provavelmente, elas passarão a ser mais ameaçadas em ambientes de violência doméstica.”

Os relatos, as pesquisas, os noticiários e os altos índices de feminicídios mostram que o gatilho das armas de fogo sempre esteve apontado para elas. Um governo que libera armas para qualquer cidadão não merece o respeito nem a consideração da população, uma vez que banalizou a vida.


É triste saber que muitas mulheres são vítimas da brutalidade, da ignorância e do machismo. São espancadas, exploradas no trabalho, violentadas sexualmente e assassinadas por namorados e companheiros. O pior é saber que a maioria dos agressores fica impune, aumentando cada vez mais os índices de assassinatos de mulheres em todo o país. Não importa a condição social, cor ou religião — as mulheres continuam sendo alvo de seus agressores. Nem mesmo a Lei Maria da Penha conseguiu frear o avanço da violência contra a mulher. Elas estão morrendo, enquanto seus agressores permanecem livres para continuar ceifando vidas inocentes.


Estamos presenciando tempos sombrios, ou melhor, de retrocessos. Houve muitos avanços das mulheres, principalmente no mercado de trabalho, mas elas ainda não venceram a luta contra o ódio, o preconceito, a violência e o machismo perverso que se alimenta de muitos discursos políticos. Não é liberando armas que se resolve a violência — pelo contrário, as estatísticas mostram que isso só aumenta o feminicídio. Ao contrário do que muitos pensam, a solução está em políticas públicas que atendam às demandas da desigualdade social e, sobretudo, em políticas afirmativas voltadas para as mulheres. Só assim esse quadro poderá ser revertido.



Feliz Dia Internacional das Mulheres!

Dia 08 de março, dia de Reflexão.

Comments


  • Black Facebook Icon
  • Black Instagram Icon

Explore

© 2020 por Pérola Sofia. 

bottom of page