CAPITALISMO SELVAGEM
- Eliete Carvalho
- 28 de fev. de 2021
- 2 min de leitura

Hoje, analisando os altíssimos casos de COVID-19 em Palmares, lembrei-me de uma música que gosto muito “Homem Primata”, dos Titãs. Acho que não tem música mais apropriada para o momento do que essa. E um verso que chamou a atenção é “Cada um por si”, resume muito bem o cenário catastrófico que estamos vivenciando na pandemia. A cidade parece estar absorta. Nada mais impacta, nem mesmo as mortes ocorridas em pouco intervalo de tempo. É como se a vida estivesse banalizada. Morreu... e daí? É vida que segue. A economia não pode parar. Salve a economia! Esse eco, espalhado por tudo que é canto, dá a tônica e dispensa comentários. Quem mais sabe disso são os empresários. Nunca se ganhou tanto dinheiro como na pandemia, principalmente os donos de supermercados. Imagino que tudo tem um preço. Nesse caso, o preço é muito, muito alto: custa a vida de muitos.
O centro comercial da cidade está em festa de consumo. É gente se aglomerando. É gente sem máscaras. É gente entrando livremente nas lojas. É gente nas filas de banco. É gente promovendo evento. É gente em praça lotada com jogo de futebol. É gente viajando em vãs lotadas. É gente nem aí para os protocolos. E é gente nem aí para a pandemia e para a vida. Movimentar a economia me parece que é a prioridade dos governos, seja ele federal, estadual ou municipal. Em Palmares, sequer se tem um decreto local para barrar o contágio da doença. O que se tem é um decreto estadual. É como se Palmares passasse a responsabilidade para o governo do estado. A fiscalização já não se ver mais. Ou seja, agora toda a responsabilidade para frear os altos números da COVID-19, está nas mãos do cidadão. Pergunto: é ou não é cada um por si? E essa falta de consciência entre governo e povo, está nos levando ao precipício. Tudo em nome do consumismo.
Vejo, também, que falta liderança política para dá respostas imediatas a esse descontrole pandêmico na cidade. A Câmara Municipal pouco tem atuado quando o assunto é a pandemia. Os vereadores precisam e devem cobrar mais, falar mais e propor mais. Enquanto essas vozes não chegam, o povo continuará morrendo e sofrendo as consequências de suas irracionalidades. Nem parece que a gente evoluiu nem aprendeu com a pandemia. O homem ainda continua pri(mata). Consumir é destruir. E aqui o que se está destruindo é a própria vida. Não consigo entender por que o monitoramento constante da COVID-19 não serve para tomar as medidas cabíveis. Saber que a cidade está à beira de um colapso não é nada confortável. O que de fato importa para cada um de nós? Certamente, não é salvar o capitalismo selvagem que nos corrói todos os santos dias, e nos afasta daquilo que realmente importa: a vida. Economia se recupera, a vida não. Acordem pelo amor de Deus!
*Eliete Carvalho é professora em Palmares e escreve para o Blog Letras & Livros.
Palmares, 28 de fevereiro de 2021
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