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O BIG BROTHER E O RACISMO ESCANCARADO

  • Foto do escritor: Eliete Carvalho
    Eliete Carvalho
  • 6 de mar. de 2022
  • 3 min de leitura

Atualizado: 7 de abr.

O Big Brother Brasil ultrapassou todos os limites no episódio do Jogo da Discórdia, com a participante Natália Deodato. Não é de hoje que o programa transforma o entretenimento em um espetáculo de humilhação, violência verbal e psicológica. De todos os envolvidos no jogo de "água suja", Natália sofreu o que podemos chamar de linchamento racista. As placas com palavras que a depreciaram — "arrogante", "desagradável", "melhor de boca fechada", "sem personalidade" — só evidenciaram o que já sabemos: a mulher negra é sempre alvo de ataques de pessoas sem noção e profundamente preconceituosas.


O mais grave é saber que a produção do BBB se sente isenta das próprias aberrações que provoca. Se não fosse a pressão do público e das redes sociais, cobrando um posicionamento sobre a violência física praticada pela participante Maria, o episódio teria passado despercebido, como mais uma tentativa de naturalizar o racismo. Ignorar tudo o que aconteceu com Natália naquela noite — acusações, xingamentos, constrangimento, humilhações — é compactuar com a perpetuação do racismo em cadeia nacional, tudo em nome da audiência a qualquer custo.


O padrão racista do BBB

É sempre assim. Os participantes negros que entram no BBB já estão marcados para o fracasso. Pouquíssimos conseguem ter uma trajetória de sucesso no programa. E quando tentam discutir racismo, são tratados com deboche. Brancos torcem o nariz e chamam de "mimimi", dizem que estão "se vitimizando para ganhar likes". Como se fosse uma piada de mau gosto.


Mas a verdade é que negros não "se fazem de vítimas" — eles são vítimas de um sistema perverso e desumano. São sempre alvo de perseguição, chacota e preconceito. A eles, raramente é dada uma segunda chance, enquanto participantes brancos são absolvidos de comportamentos reprováveis. Para esses, há sempre deferência, acolhimento e proteção. As desculpas são aceitas, "passa-se pano" e tudo é relativizado, em vez de combatido e punido.


Será que isso é inconsciente ou intencional? Tudo indica que sim. Se as "tretas" rendem audiência, vale tudo — inclusive menosprezar uma raça em favor de outra.


Racismo dá IBOPE, e o BBB lucra com isso

Lembro muito bem do artigo da filósofa Djamila Ribeiro, "Seja racista e ganhe fama e empatia". É exatamente disso que estamos falando. Quem não se lembra de Bárbara e Laís imitando um "macaco" para associar Natália — uma mulher negra com vitiligo — a um "lugar de não pertencimento"? Houve alguma punição severa para elas? Claro que não. São brancas, de olhos claros, bem-sucedidas e com milhões de seguidores.

E a Eslovênia, que disse "ter medo" de Natália porque ela a "incomodava"? Em uma casa cheia de pessoas, a mulher negra é sempre a "ameaçadora", a "agressiva", a "intolerante". Por quê? Porque racismo vende, e a sociedade aceita e aplaude.


O BBB se consolida como um programa que deforma a consciência social, alienando as pessoas e isentando-se de qualquer responsabilidade histórica e cultural. Não preciso nem dizer, mas reforço: racismo é crime.


Até quando vamos tolerar o racismo diante dos nossos olhos?

A pergunta que fica é: até quando seremos coniventes com um entretenimento que lucra com a dor negra? Até quando a humilhação de corpos negros será tratada como "diversão"? Até quando o racismo será premiado com fama, enquanto suas vítimas são apagadas?

Racismo não é brincadeira. Não é drama. Não é entretenimento.

Racismo mata.


Eliete Carvalho___Blog Letras & Livros

Imagem: Google

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