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“Quando teremos o Dia da Consciência Branca”?

  • Foto do escritor: Eliete Carvalho
    Eliete Carvalho
  • 25 de nov. de 2022
  • 2 min de leitura

Atualizado: 7 de abr.


Estou estarrecida com a ousadia da pergunta feita pela atriz e ex-ministra da Cultura, Regina Duarte, um dia depois das comemorações do Dia da Consciência Negra em suas redes sociais. Ler e ouvir aquela pergunta não me deixou confortável. Eu, que sempre acompanho as histórias narradas por mulheres negras, sinto-me envergonhada ao perceber que o racismo está longe de ser erradicado da sociedade brasileira. Regina Duarte afronta a população negra e fere, sem remorso, o bom senso. Ela escancara ao mundo seu racismo — não por falta de conhecimento ou desconhecimento da história e da luta dos negros, mas porque dá voz à branquitude que sempre pensou assim ao longo dos séculos.


Uma mulher branca que teve privilégios, estudou nas melhores escolas, frequentou a universidade e sempre ocupou espaços de poder não tem legitimidade para falar sobre a população negra.

Primeiro, porque ela não é negra e, portanto, não vive a opressão e o racismo na pele. Segundo, porque talvez ignore que o país foi construído sobre bases racistas e, por isso, sinta-se no direito de exigir reconhecimento ao se sentir ameaçada pela visibilidade do Dia da Consciência Negra.

Pessoas como ela precisam de um choque de realidade para entender que os negros não se "vitimizam", como dizem por aí. Pelo contrário: eles são vítimas. Basta acompanhar os noticiários e as redes sociais, repletos de relatos e casos de racismo, para compreender que não existe racismo reverso.

Aqui, algimas perguntas merecem ser feitas:

  • Os brancos são mortos por serem brancos?

  • São perseguidos por seguranças em lojas?

  • A maioria da população prisional é branca?

  • Brancos têm dificuldade de arrumar emprego por sua cor?

  • Brancos recebem piadas racistas ou são discriminados por seus traços físicos?


A resposta é não. Essas perguntas evidenciam justamente a necessidade do Dia da Consciência Negra — e não de um hipotético "Dia dos Brancos", como alguns propõem de forma equivocada.

No livro Pequeno Manual Antirracista, da filósofa Djamila Ribeiro, encontrei uma citação que carrego comigo: "Não basta não ser racista; é preciso ser antirracista". Compreendi então que ser antirracista exige ação: é impedir que o racismo (estruturalmente praticado por brancos) se perpetue, e não se calar diante de falas como as de Regina Duarte.


O racismo não pode passar despercebido muito menos ser desdenhado diante de nossos olhos. Se assumir antirracista vai além de não ser racista. Isso porque o antirracista não permite comportamentos passivos e luta todos os dias para combatê-lo. O racismo mata. O silêncio também mata. Então, o que cada um dia de nós tem feito pela luta antirracista? A luta é de todos.


* Eliete Carvalho _____Blog Letras & Livros




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