MARGARIDA DE MESQUISTA, PATRONESSE DA CADEIRA Nº39
- Eliete Carvalho
- 24 de mai.
- 2 min de leitura

Quando fui convidada a participar da seleção para a Academia Palmarense de Letras, informaram-me sobre as vagas disponíveis e que a cadeira de número 39 pertencera a Margarida de Mesquita. No sorteio realizado entre os candidatos, coube a mim a cadeira 39.
O que faz uma recém-chegada à Academia Palmarense de Letras?
Primeiro, toma-se posse. Depois, mergulha-se na história da patronesse, busca-se nas entrelinhas da biografia, nas páginas das obras — das quais duas estão comigo: “OÁSIS” [poesia], 2002 e “O AMOR EM TRÊS TEMPO” [romance], 2014, livros que li com muito carinho —, conhecer a trajetória e contribuição da escritora/poetisa para a arte e a literatura, sobretudo, a pernambucana. Assim, segui os rastros de Margarida de Mesquita, patronesse a quem hoje represento.
Nascida em Palmares/PE, a 2 de julho, fez do Colégio Nossa Senhora de Lourdes sua primeira morada de letras: o curso pedagógico, semente do futuro. Mas foi em Alagoas que fincou raízes, florescendo em concursos literários, tornando-se membra fundadora do Grupo Literário Alagoano, até ascender à cadeira nº 7 da Academia Alagoana de Letras.
Poetisa, contista, romancista – colecionava prêmios como pérolas: Othon Bezerra de Melo, Juracy Magalhães, Aurélio Buarque de Holanda, a láurea da UFAL.
Múltipla em academias, honrada com a medalha Jorge de Lima, cidadã honorária de Alagoas, coroada em 2013 pelo poema "ANTES DO FIM"— Cipriano Jucá a consagrando no concurso literário Folhas de Maceió.
Eis a Margarida de Mesquita que herdei: não apenas um nome numa cadeira, mas um legado em verso e prosa, que agora passo a divulgar para que o seu legado inspire leitores espalhados por esse vasto mundão.
GALERIA DE POESIA DA AUTORA
ESTIGMA
Há dias assim
em que tudo é de cor cinza
o pensamento, o viver, as pessoas, as coisas.
Por isso,
quando o sol penetrou no meu quarto
clareando o lençol coberto de sombras,
trouxe lux também para pensamentos tristes.
— Bom dia! — disse ao sol
que destribuia ilusões,
despertando as minhas esperanças.
— Bom dia! — gritei ao sol
escancarando as janelas da minha alma,
pondo-a descoberta, sonhos há muito adormecidos.
E me contaminei de tamanha euforia
que, se tu me dissesses uma palavra terna
ou afagasse os meus cabelos,
me encolheria nos teus braços
completamente esquecida
das ingratidões sofridas,
e não pensaria em mais nada
a não ser em amor e vida.
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ADIVINHAÇÃO
O ontem passou perto de mim
numa avalanche de dias usados.
Fechei os olhos,
estanquei o andar,
controlei o coração,
alegria, dor,
sonhos, desilusão.
O passado era um álbum
de retratos vivos
regado à saudade.
Aquela menina vestida de sonho
era eu.
Quem é essa mulher
de rosto triste
e olhar magoado?
numa avalanche de dias usados.
Margarida de Mesquita
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