POR QUE LUTAMOS?
- Eliete Carvalho
- 6 de jun. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 8 de abr.

O título acima refere-se ao livro da escritora Manuela D’Ávila, publicado em 2019 pela Editora Planeta. Trata-se de um livro sobre amor e liberdade. Antes de começar a resenhá-lo, quero dizer que sou fã declarada da autora. Admiro-a, porque Manuela D’Ávila é uma mulher admirável e inspiradora: mulher, mãe, esposa, política e feminista convicta. Ela escreveu este livro para dialogar com todas as mulheres, feministas ou não. Mas nada impede que seja também lido por homens, pois o feminismo busca igualdade de direitos entre gêneros, especialmente o direito à liberdade. Seria uma ótima oportunidade para os homens conhecerem a luta das mulheres por igualdade, salários justos, divisão das tarefas domésticas, maternidade, meritocracia, privilégios, gênero, violência, trabalho e política. Temas sempre presentes e, muitas vezes, dolorosos em uma sociedade ainda presa às garras do machismo e do patriarcado.
Ao ler o livro, senti-me em uma conversa reflexiva com a autora — leve, inspiradora, mas precisa e necessária, especialmente nos dias atuais. A obra também é um convite à participação: há espaços reservados para o leitor escrever sobre si mesmo, tornando-o cúmplice da narrativa. Aos poucos, Manuela desmistifica ideias arraigadas culturalmente, que nada têm a ver com o feminismo ou com suas bandeiras. Vale lembrar que o machismo frequentemente distorce os princípios do movimento.
“É preciso falar sobre o que vivemos para que não nos sintamos sozinhas.”
D’Ávila aborda seus medos, o transtorno de imagem que enfrentou, a obsessão por emagrecer e as cobranças sociais. Fala sobre sua juventude, sua entrada precoce na política e como se tornou feminista — um processo gradual. Cita Simone de Beauvoir: “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, apropriando-se da frase para destacar sua própria jornada de desconstrução. Para ela, é essencial discutir feminismo para que as mulheres se identifiquem com a luta, que é coletiva e inclusiva. Ressalta que há vertentes diversas (feminismo negro, liberal, marxista, lésbico, transfeminismo, etc.), mas o cerne é único: respeito à liberdade de ser, sem imposições de padrões.
Portanto, mergulhar nessa leitura foi descobrir que as mulheres precisam de união. A rivalidade feminina, incentivada pela cultura machista, só as enfraquece. É preciso empatia. Muitas nem sabem que são feministas, mas ao combater desigualdades salariais, violência de gênero, assédio ou a divisão sexual do trabalho, já estão na luta. Como diz Márcia Tiburi em Feminismo em Comum: “O feminismo é o contrário da solidão”. Não estamos sós.
Eliete Carvalho___Blog Letras & Livros
Imagem: Google
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