RESENHA: EU SOU MALALA
- Eliete Carvalho
- 31 de dez. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 8 de abr.

Sempre quis ler o livro Eu sou Malala, publicado em 2013 pela Companhia das Letras, mas não tive oportunidade. Agora, finalmente li. Conhecer histórias de mulheres fortes, corajosas e símbolo de luta inspira outras mulheres a sonhar com um mundo melhor, onde todos tenham o direito de viver com dignidade e serem respeitados.
A trajetória de Malala, sua luta pelo direito à liberdade de expressão e à educação em um país dominado pelo controle sobre as mulheres, é, sem dúvida, uma lição para o mundo.
Logo no início do livro, encontro uma citação que descreve com precisão a condição feminina na sociedade paquistanesa: "Nasci num lugar onde rifles são disparados em comemoração a um filho, ao passo que as filhas são escondidas atrás de cortinas, sendo seu papel na vida apenas fazer comida e procriar".
A obra conta a biografia de Malala, uma jovem paquistanesa que foi baleada pelo Talibã (milícia religiosa), grupo que impunha regras e controle ao povo, distorcendo os princípios do Corão (livro sagrado). O Paquistão viveu inúmeras guerras e conflitos, tanto internos quanto externos. Malala, porém, nunca se intimidou. Criada em uma família de ativistas, foi sempre estimulada a ser livre. Lutou pela paz e pela educação em seu país, onde as mulheres eram proibidas de estudar — inclusive sua própria mãe (antes de se casar com seu pai).
Malala recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2014 (nota: a data correta é 2014, não 2012) por sua luta incansável pelo direito à educação. Tornou-se a pessoa mais jovem do mundo a ganhar essa honraria. Sua voz e sua causa foram, definitivamente, reconhecidas globalmente. Mas ela não deseja ser lembrada apenas como a menina baleada pelo Talibã, e sim como aquela que lutou — e ainda luta — pela educação.
Em seu discurso na ONU, Malala declarou: "Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo". Com sua obra, ela conseguiu alertar o mundo sobre a realidade do Paquistão. O livro é um verdadeiro best-seller e, por meio dele, podemos compreender melhor os contextos históricos e culturais de um povo que viveu sob a ameaça das armas, da perseguição religiosa e da negação dos direitos humanos, além dos desmandos e da corrupção.
O sonho de Malala? Dar voz a milhões de meninas ao redor do mundo que têm negado seu direito à educação e à realização de seu potencial. Hoje, ela não vive mais em seu país, mas sonha com o dia em que poderá voltar.
Eliete Carvalho, Blog Letras & Livros
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