RESENHA: FEMINISMO EM COMUM
- Eliete Carvalho
- 31 de dez. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 27 de jan. de 2020
FERIADÃO COM MÁRCIA TIBURI

Um bom FERIADÃO serve para muitas coisas. Os trabalhadores e trabalhadoras que o digam. Ele é aproveitado de diversas formas. Cada um a sua maneira. Uns aproveitam para relaxar, viajar, cuidar da saúde, dormir ou simplesmente não fazer nada. Já outros, preferem ler um bom livro. Aproveitei o meu FERIADÃO do Dia do Professor para viajar para o litoral alagoano. Fui ver o mar para relaxar.
Levei comigo Márcia Tiburi, melhor dizendo, o seu livro FEMINISMO EM COMUM, reimpresso em 2019, pela editora Rosa dos Campos. Entre um mergulho e outro, recorria às páginas do livro. O tempo ia passando, e a leitura me prendia cada vez mais. Lembro que comecei a dialogar com o meu marido a respeito das ideias do livro. Dialogar não, só eu fiquei falando, falando. Ele, de vez em quando, falava alguma coisa. Notei que eu estava toda incorporada às ideias e ao pensamento da autora, que de tão esclarecedora, já estava me sentindo uma feminista de plantão.
Enquanto ele me ouvia, ia tomando um gole de cerveja para refrescar. O sol estava belo, o mar convidativo e totalmente inspirador. Estávamos debaixo de um guarda-sol com a família em uma mesa de um bar, especificando melhor, no PRAIA BAR, em Peroba. Lembro que ele, vendo minha empolgação com a leitura do livro, exclamou:
-Esse teu feminismo tardio!
Como disse, eu estava inspirada e retruquei:
-Antes tarde do que nunca. Ele sorriu.
Voltando ao livro de Márcia Tiburi, a autora traz uma abordagem bem dialética a respeito da trilogia: patriarcado, capitalismo e feminismo. Ela vai, no decorrer do livro, esclarecendo o papel que cada palavra exerce sobre as mulheres. Dessa maneira, destrincha os conceitos e, ao mesmo tempo, leva-nos a pensar que, ainda, há muitos conceitos para se desconstruir em torno do signo feminismo.
Ela discute o feminismo para além do modismo. Aliás, o feminismo é uma palavra que é muito odiada pelo patriarcado, porque ela se opõe, fundamentalmente, aos padrões pré-estabelecidos pela sociedade como "verdade". Ele, o patriarcado, será sempre o objeto de discussão das feministas. Segundo a autora, se não houvesse o feminismo, o patriarcado não teria limites. É, por isso, que os machistas, os misóginos, os agressores de mulheres, sentem-se incomodados pelas feministas, porque, as feministas o que querem mesmo é ter o direito de ser livre. Ter o direito de ter o seu lugar de fala e de escrever a sua própria história, totalmente livre das amarras e das garras do patriarcado.
Ela, a autora, lembra que o patriarcado é um sistema de poder arraigado culturalmente em nossa sociedade e que se estabelece por tudo quanto é lugar. Seja na família, na igreja, na mídia ou no próprio Estado e tem, cada vez mais, dominado e minado a luta das feministas. Isso porque o patriarcado é uma ideologia, e como ideologia, detém o controle e os espaços de poder, como por exemplo, o da política. Basta ver o número de mulheres eleitas do nosso parlamento. É visível que as mulheres ainda necessitam travar muita luta para que elas não continuem oprimidas, humilhadas e violentadas todos os dias nos espaços de poderio do patriarcado.
Ler Márcia Tibuti, longe de casa, provocou, em mim, uma sensação de que eu sei exatamente quem eu sou e o represento diante de um mundo impositivo onde as relações de poder são discrepantes quando se trata de homens e mulheres ou qualquer que seja o gênero. O Feminismo em Comum é um livro convidativo ao diálogo e à reflexão. Mas, também nos aponta o feminismo como arma política, social e ética capaz de lutar por todos, todes e todas. E, assim, melhorar o mundo em que vivemos desconstruindo o patriarcado e o capitalismo. E Márcia nos alerta: "O Feminismo não pode ser murro em ponta de faca". Ele é necessário à luta diária das mulheres feministas e não feministas. Por que não?
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Eliete Carvalho
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