Vidas Secas
- Eliete Carvalho
- 8 de fev. de 2020
- 3 min de leitura

O romance modernista Vidas Secas, do escritor alagoano Graciliano Ramos, é uma obra que ultrapassa todos os limites do regionalismo. É considerado um romance de caráter universal, exatamente porque aborda uma temática de caráter social. Ele denuncia, sobretudo, as injustiças sociais, como a miséria, a fome, a desigualdade e a seca. Todos esses enfoques são abordados em Vidas Secas constituindo-se um romance que analisa e retrata fielmente a realidade de uma época – década de 1930. Pode ser enquadrado, também, até os nossos dias, por se tratar de uma narrativa impar ao abordar o drama dos retirantes e por mostrar que as condições atuais de vida do homem sertanejo não diferem muito das apresentadas por Graciliano Ramos em seu romance.
O livro que está dividido em 13 capítulos distribuídos da seguinte forma: capítulo 1 – Mudança, capítulo 2 – Fabiano, capítulo 3 - Cadeia, capítulo 4 - Sinhá Vitória, capítulo 5 – O menino mais novo, capítulo 6 – O menino mais velho, capítulo 7 – O inverno, capítulo 8 – Festa, capítulo 9 – Baleia, capítulo 10 – Contas, capítulo 11 - O Soldado Amarelo, capítulo 12 - O mundo coberto de pena e o capítulo 13 – Fuga.
Verifica-se nos personagens descritos, no romance, um pouco da alma do povo nordestino, representado por Fabiano e sua família, que isolados, sem esperança e alternativas, vivem condenados à miséria, à fome, rastejando a misericórdia e a boa vontade daqueles que detêm o poder. Fabiano não entende e questiona o tempo todo, na obra, o porquê de tanta humilhação e tanta injustiça. Pode-se dizer que ele é o retrato fiel do descaso social e da exploração humana.
A obra conta a história de uma família pobre do sertão nordestino que busca um lugar para sobreviver. Exaustos, Fabiano, sua mulher Sinhá Vitória, seus filhos: o mais velho e o mais novo e a cachorra Baleia encontram abrigo em uma casa e passam a noite. De repente, chega o dono da fazenda e ameaça expulsar a família da fazenda. Fabiano implora trabalho e acaba ficando lá.
Um ano depois, Fabiano já era empregado da fazenda e cuidava dos animais como vaqueiro, porém não recebia o salário suficiente por todo trabalho árduo que realizava.
Indo à cidade, Fabiano e a família vão a uma festa regional e Fabiano a convite de um soldado vai jogar baralho com os apostadores. Apostou todo o seu salário e, no momento em que percebeu que estava perdendo no jogo, saiu e foi abordado pelo soldado ocorrendo uma discussão entre eles.
O soldado chama a polícia e eles o prendem, acusando-o injustamente e o agridem com um facão. A mulher e as crianças sentindo sua falta pernoitaram na calçada e, no dia seguinte, viram o dono da fazenda e o padre indo em direção à prisão. O padre liberou Fabiano da prisão. O tempo passou e a família foi ficando cada vez mais pobre, pois Fabiano gastava todo o dinheiro no jogo, e sua mulher revoltou-se. A seca castigava cada vez mais os animais e, por isto, Vitória quis fugir da fazenda.
A família organiza a mudança e Fabiano quer matar Baleia que está doente, mas acaba a ferindo com um tiro, porém ela foge e morre agonizando. As crianças choram muito a perda do animal.
Por fim, Fabiano e a família saem em retirada e o sertão continuaria a mandar para a cidade homens fortes, brutos como Fabiano, Sinhá Vitória e os meninos.
Comentarios