O ATO DE ESCREVER
- Eliete Carvalho
- 22 de mar. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de abr.
“Aprender a escrever é aprender a pensar".

Por que os alunos produzem textos com bastante dificuldade? E por que isso ocorre?
Não restam dúvidas de que ocorre pela falta do hábito da leitura. É ela que garante, aos poucos, a assimilação dos elementos de composição de um texto na hora de escrever. Muito embora estudem ou leiam as mais variadas dicas e manuais de redação, somente aprendendo a pensar e praticando a leitura constante é que podemos desenvolver algumas operações intelectuais, a fim de se obter um resultado positivo na redação.
A importância da leitura, da pesquisa e da prática de escrever é, pois, considerada fundamental, sendo um processo lento. Mas, aos poucos, essas habilidades ganham vida, na medida em que a leitura passa a fazer parte do universo linguístico do aluno. Com a leitura, por exemplo, o aluno será capaz de ampliar seu universo linguístico, melhorando assim seu repertório, ou seja, a forma como pensa e escreve, além de se atualizar com os temas discutidos na atualidade. Aqui, ressaltamos que a leitura precisa e deve ser acompanhada de um olhar crítico, para que o aluno extraia dela os argumentos necessários para sua prática de escrever.
Alguns perguntam: Como escrever? Não existe uma maneira fixa e acabada para esse processo. Para que aconteça da melhor forma, ou seja, para expressar as ideias no papel, necessário se faz planejar, estruturar e organizar as ideias, para que elas ganhem corpo, isto é, vida e sentido lógico. E isso só será possível colocar em prática se a leitura e o ato de pensar estiverem presentes na vida do aluno.
João Cabral de Melo Neto, em uma de suas poesias, “Catar Feijão”, compara o ato de escrever com o ato de catar feijão, e o faz com bastante precisão e clareza quando diz:
Catar feijão se limita com o escrever:Jogam-se os grãos na água do alguidar,E as palavras na folha de papel; E depois, jogar fora o que boiar.Certo, toda palavra boiará no papel,Água congelada, por chumbo seu verbo;Pois para catar esse feijão, soprar nele;E jogar fora o leve e o oco, palha e eco.
Diante desses versos, percebemos como o ato de escrever passa por um planejamento, desde a escolha das ideias até a própria arrumação e correção do texto. O texto ganha vida na medida em que é visto como um todo. Daí a importância de se dar ênfase à coesão e à coerência, pois, sem esses dois elementos, torna-se difícil escrever com precisão.
Nota-se que o autor, ao falar do ato de escrever, prioriza o processo de autocorreção, ou seja, todo texto necessita de revisão — uma, duas ou quantas vezes o autor achar necessário. É justamente nesse processo que o escritor tende a retirar de seu texto tudo aquilo que não serve, como a repetição de ideias e de palavras, o excesso de pronomes (eu, ele, nós), as gírias, os recados, as frases incompletas etc. Só um bom leitor será capaz de jogar fora o leve e o oco de seu texto, como bem diz João Cabral de Melo Neto.
Portanto, para escrever com eficiência, é preciso ler muito, ter ideias, pensar e praticar. Para isso, Ledo Ivo certa vez disse, quanto ao ato de escrever: "Os melhores são os que escrevem pelo prazer de escrever."
Eliete Carvalho___Blog Letras & Livros
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